Este projeto de pesquisa dedica-se à reflexão crítica sobre o corpo no horizonte dos estudos pós-coloniais nos países de língua oficial portuguesa.
Tendo em vista que os corpos elaboram discursos e disseminam signos, a preocupação deste projeto abrange o recorte teórico que contemple códigos sociais, práticas políticas e artísticas ao considerar a revisão de paradigmas, de normas e de estereótipos do imaginário colonial, configurados na política e na poética dos corpos, encenados tanto nos textos literários, na mídia, quanto no palco do cotidiano das ruas do Brasil.
O enfoque deste estudo vem afirmar o corpo não mais como verdade, seja ela de natureza biológica, seja ela de natureza representacional-discursiva. Nessa vertente, a pesquisa observa modos de deslocar o corpo do eixo do significante supremo, margeando os vazios da sua constituição e do campo social. A questão trabalhada norteia-se no modo como se processa a escrita da história de tantos brasileiros, observando a localização do corpo entre casas e fronteiras. Desse modo, a noção de fronteira apresenta-se como possibilidade de reconfiguração identitária, limite de enfraquecimento de hierarquias sociais, com outras demandas de subjetividade e de saber. Nesse aspecto, o projeto debruça-se sobre um conjunto de imagens veiculadas, ora por textos literários, ora por jornais e outros meios midiáticos, que permita caracterizar a experiência propiciadora de queda de naturalizações discursivas, no conflito e na tensão dos conceitos validados ao longo da história colonial brasileira, quando a leitura pede a emergência da dimensão diatópica do conhecimento.